A Revolução 6G Já Começou – Que Nação Está a Definir o Futuro das Comunicações?

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7 de agosto de 2025
A China continua firmemente na dianteira da próxima geração de comunicações móveis. Em julho deste ano, a China Mobile realizou um teste impressionante da sua rede experimental 6G, conseguindo transferir um ficheiro de 50 GB — o equivalente a um filme 4K de duas horas — em apenas 1,4 segundos. Um feito que, até há pouco tempo, parecia pertencer à ficção científica. A velocidade alcançada foi cerca de 14 vezes superior ao limite teórico do 5G.
Como começou esta corrida?
O ponto de partida deu-se em fevereiro de 2024, quando a China lançou um satélite experimental em órbita baixa, desenvolvido em parceria entre a China Mobile e a Academia Chinesa de Ciências, através da sua Innovation Academy for Microsatellites. Este foi o primeiro satélite com design específico para testes 6G, posicionado a cerca de 500 km de altitude.
Este posicionamento permite baixa latência e elevadas taxas de transferência, graças a uma arquitetura distribuída e inteligente. E, em julho de 2024, surgiu mais um marco: foi construída e testada, pela primeira vez no mundo, uma rede de campo 6G, desenvolvida por investigadores da Universidade de Posts and Telecommunications de Pequim e da Academia Chinesa de Engenharia.
A infraestrutura baseou-se em elementos das redes 4G e 5G existentes, integrando inteligência artificial para otimizar o desempenho. Um verdadeiro salto estratégico no desenvolvimento das comunicações móveis — que culminou, em julho de 2025, com o teste bem-sucedido da China Mobile, atingindo 280 Gbps e demonstrando capacidades muito acima das tecnologias atuais.
A liderança da China não começou agora
O que hoje parece avanço repentino resulta de uma estratégia sólida iniciada em 2019, quando a China criou um grupo de trabalho dedicado exclusivamente ao desenvolvimento do 6G. Desde então, o país tem feito investimentos massivos em investigação, tecnologia e registo de patentes, com resultados agora visíveis — seis anos depois.
Mas… 500 km de altitude é ideal para o 6G?
Sim, é uma escolha altamente estratégica. Satélites em órbita terrestre baixa (LEO) — como os da China Mobile, Starlink, OneWeb ou Amazon (Kuiper) — oferecem a combinação ideal de baixa latência, alta velocidade de transmissão e cobertura eficiente.
A cerca de 500 km de altitude, a comunicação é suficientemente próxima para reduzir o tempo de resposta (latência) e ainda assim ampla o suficiente para cobrir grandes áreas urbanas ou remotas com estabilidade e largura de banda elevadas.
O que se espera do 6G?
O 6G não se limita a ser "mais rápido". Ele promete revolucionar por completo a forma como nos conectamos — e como o mundo funciona.
Latência ultrabaixa
• Prevê-se uma latência inferior a 1 milissegundo, essencial para:
◦ Cirurgias remotas em tempo real
◦ Controlo de veículos autónomos
◦ Indústria 4.0
◦ Realidade estendida (XR)
Capacidade para milhões de dispositivos
• O 6G será concebido para suportar até 10 milhões de dispositivos por km², em comparação com 1 milhão no 5G.
• Isto será crucial para:
◦ Cidades inteligentes
◦ IoT em larga escala
◦ Monitorização ambiental e biomédica
◦ Ambientes industriais automatizados
A comercialização está à vista?
Apesar dos avanços, o 6G ainda não está pronto para o mercado. A expectativa global — incluindo na China — é de que a tecnologia comece a ser comercializada entre 2028 e 2030, com 2030 apontado como o marco mais realista para o lançamento comercial em larga escala.
A China Unicom já confirmou os planos de lançamento para esse período, reforçando o compromisso do país em manter-se na vanguarda.
E os Estados Unidos? Conseguirão acompanhar?
Os EUA também estão fortemente envolvidos no desenvolvimento do 6G, mas com uma abordagem mais descentralizada. O país aposta em colaborações entre o setor público e privado, com iniciativas como:
• A Next G Alliance, composta por gigantes como Apple, Google, Qualcomm, Intel e AT&T
• A National Science Foundation, que investe em projetos avançados através do programa RINGS
• Parcerias com universidades e centros de investigação tecnológica
Apesar disso, ainda não realizaram testes de campo tão avançados quanto os da China. A grande questão permanece: será que os EUA conseguirão repetir o sucesso chinês — ou até superá-lo — nos próximos anos?
Em conclusão, o 6G promete representar uma verdadeira revolução digital — com velocidades ultraelevadas, latência praticamente nula, conectividade massiva e o surgimento de novas fronteiras tecnológicas. Para já, a China assume a liderança nesta corrida, com testes bem-sucedidos e uma estratégia de desenvolvimento que começa a dar frutos.
Contudo, esta será uma maratona, e não um sprint. A próxima década será determinante para perceber que país — ou bloco — assumirá efetivamente a vanguarda da era 6G.

Elso Manuel
Fundador do KumbuFacil.com e Criador da plataforma AIPEGS.net.